quarta-feira, 22 de maio de 2013

RESENHA: STEVE JOBS, GÊNIO E BABACA




Terminei de ler STEVE JOBS, A BIOGRAFIA, de WALTER ISAACSON, e gostei bastante.

Geralmente eu gosto de biografias, então até aí morreu neves... Mas essa é bastante fiel à realidade, e não foi feita para endeusar Jobs, muito pelo contrário. Aliás, é no próprio livro que lemos o termo "babaca", aplicável ao próprio. É provável que isso vá irritar alguns "Appholes" (Fãs babacas da Apple).

Eu sempre simpatizei tanto com Jobs quanto a Bill Gates, e não sou nenhum "Applefag" ou "Windowsfag", pois não vejo o mundo em preto e branco, portanto, gosto e uso tecnologias de ambas as empresas, e escrevo de maneira imparcial.

Resumindo, fica óbvio que o cara não era comum. Ele tinha um ímpeto tão poderoso, que nada poderia se interpor entre ele e seus objetivos. Sofriam mais os que fracassavam com ele.

Ele fez questão de ser um "self-made-man" que combina uma alma de grande artista e de grande empreendedor, sem paciência alguma com um "reles mortal". A religião dele era ele mesmo!

Mas ele não era um "Professor Pardal", que inventava tudo, meio McGyver, como eu pensava. Seu estilo está mais para um agregador de talentos, como um maestro a exigir o máximo desempenho de quem está ao seu redor.

Ele meio que encasquetava com uma idéia, um querer, e como um bebê birrento e mimado, queria porque queria que dessem um jeito. No final ele queria ver aquilo pronto.

Ele usava sua conhecida "realidade alterada" com coisas até então impossíveis, e no final, ele geralmente estava certo, sendo que no processo, praticamente torturava todos ao redor com sua determinação.

Assim, maravilhosos produtos quase mágicos, saíram do limbo para a realidade, deixando os mercados loucos, correndo atrás de suas inovações. E foi assim o Apple I, Apple II, Macintosh, I-Pod, I-Phone, I-Pad, etc...

Pela web afora, podemos ler sobre o perfil psicológico de Jobs em mais de um site.

Parece que o fato de ele ter sido adotado, criou nele um forte sentimento de rejeição por ter sido “abandonado”.

Não esconderam dele que seus pais eram outros, mas tem uma passagem quando criança, que ele conta que uma vez entrou em casa correndo e chorando quando uma menininha, ao saber que ele era adotado, exclamou:

- “Então isso significa que seus pais verdadeiros não queriam você?” (PUUUTZ!)

Seus pais adotivos precisaram apagar o incêndio, e ficaram repetindo com bastante ênfase:

- “Nós escolhemos especificamente você" (COITADO DO MOLEQUE!)

Como no livro diz: "Abandonado. Escolhido. Especial" (MARCAS INDELÉVEIS)

Ele ficou com uma enorme cicatriz em seu ser, que o pressionava, e isso provavelmente ajudou a gerar nele uma energia contrária que o motivou pra sempre.

Era como se ele quisesse mostrar a todos, que seus antigos pais não sabiam o que estavam perdendo ao não ficarem com ele. Ele no início, meio que montou sua vida para crescer e dar um gigantesco "BEM FEITO! VIU? SOU O MAIOR, E VOCÊS ME PERDERAM".

Claro que isso tudo a nível sub-inconsciente, e quando ficou adulto, essa poderosa impulsão se amalgamou em seu ser como sendo de sua natureza normal, que é o que normalmente ocorre a todos nós, pois é assim que nos formamos.

Isso explica porque ele era tão implacável, e atropelava a tudo e a todos sem piedade pela execução de suas idéias.

Vários entrevistados deram vários exemplos de como ele chegava mesmo a ser mau, ao espezinhar quem ele achava ser incompetente... O cara parecia não ter empatia por ninguém (ou era mau mesmo, apesar de genial)

Com certeza, o Steve Wozniac, o verdadeiro McGyver genial que bolou os primeiros Apple 1 e 2 (ele queria dar, mas Jobs o convenceu a vender, PODE?) que era um cara muito mais bacana, praticamente o outro lado da moeda de Jobs, se afastou da empresa para não ficar conivente com o estilo violento do arretado gênio.

Aliás, eu queria voltar a debater com alguns amigos meus, que anos atrás me detonavam por tentar explicar que o mundo não era preto e branco, e Jobs não era deus e Bill Gates não era o diabo.

Eu ouvi muito argumento assim:
-"Eu tenho ética, cara, então sou contra o Rwindows e a favor da Apple. Bill era safado, Steve era gênio e nunca roubou nada"

E eu dizia que era uma posição exagerada, e tal... muito simplista rotular assim e separar as coisas assim.

Agora, quem leu a biografia vai ver que Steve Jobs estava longe de ser santo, e que mesmo chegou a elogiar Bill Gates, para horror dos fanáticos.

É aquela história: Os fãs saem na pancada e suas celebridades não estão nem aí.

Essa biografia é leitura recomendadíssima para aqueles que querem conhecer os bastidores da informática, etc...

Eu terminei o livro com um sentimento empolgante. Em mim ficou um efeito inesperado, que me dá uma vontade danada de trabalhar naquelas condições de pressão e de criação, num grupo de ótimos profissionais, se reunindo e rachando a cuca para criar produtos revolucionários. DEVE SER O MÁXIMO!

Descanse em paz, magnífico rebelde, gênio, visionário, mau e de gosto apurado... O mundo precisa de muitos mais como você... porém em versão menos babaca.


Algumas Citações de Steve Jobs que gostei:
Minha paixão foi construir uma empresa duradoura, onde as pessoas se sentissem incentivadas a fabricar grandes produtos. Tudo o mais era secundário. Claro, foi ótimo ganhar dinheiro, porque era isso que nos permitia fazer grandes produtos. Mas os produtos, não o lucro, eram a motivação. Sculley inverteu essas prioridades, de modo que o objetivo passou a ser ganhar dinheiro. É uma diferença sutil, mas acaba significando tudo: as pessoas que são contratadas, quem é promovido, o que se discute nas reuniões.

Alguns dizem: “Dêem aos consumidores o que eles querem”. Não é assim que eu penso. Nossa tarefa é descobrir o que eles vão querer antes de quererem. Acho que Henry Ford disse certa vez: “Se eu perguntasse aos consumidores o que queriam, eles teriam dito: ‘Um cavalo mais rápido!’”. As pessoas não sabem o que querem até que a gente mostre a elas. É por isso que nunca recorro a pesquisas de mercado. Nossa tarefa é ler coisas que ainda não foram impressas.



Edwin Land, da Polaroid, falava sobre a interseção das humanidades com a ciência. Gosto dessa interseção. Há qualquer coisa de mágico aí.



Grandes artistas e grandes engenheiros são parecidos, no sentido de que ambos desejam expressar-se



É fácil atirar pedras na Microsoft. Eles claramente perderam o
domínio que tinham. Tornaram-se muito irrelevantes. Mas, apesar disso, sei valorizar o que fizeram, e como foi duro. Eram muito bons no lado comercial. Nunca foram ambiciosos no que diz respeito aos produtos, como deveriam ter sido. Bill gosta de se apresentar como homem de produtos, mas não é. Ele é homem de comércio. O sucesso comercial era mais importante do que fazer grandes produtos. Ele acabou se tornando o sujeito mais rico que existe e, se esse era seu objetivo, conseguiu o que queria. Mas nunca foi o meu, e tenho dúvida se, afinal, era o dele.

Admiro-o pela empresa que construiu — é impressionante — e gostei de trabalhar com ele. É um homem brilhante e tem um bom senso de humor.

Mas a Microsoft nunca teve as humanidades e as artes liberais em
seu dna. Mesmo quando viram o Mac, não conseguiram copiá-lo direito.

Simplesmente não entenderam.

(Edecildo: Isso porque a empresa Microsoft tinha uma visão "mais nerd", era uma empresa que queria que as coisas funcionassem, Já a Apple tinha uma visão artística, e para essa visão, somente funcionar era pouco. O design mandava mais.)



Não acho que eu gerencio espezinhando as pessoas, mas se algo não presta eu digo na cara. Minha tarefa é ser honesto. Sei do que estou falando e quase sempre tenho razão. Essa é a cultura que tentei criar.


Somos brutalmente honestos uns com os outros, e qualquer pessoa pode dizer que sou um grande merda e eu também posso dizer-lhe o mesmo.


Tivemos algumas discussões acaloradíssimas, em que berramos uns com os outros, e foram alguns dos melhores momentos que vivi. Sinto-me completamente à vontade para dizer: “Ron, essa loja está uma bosta” na frente de todo mundo. Ou posso dizer: “Minha nossa, nós realmente fizemos uma cagada com a engenharia disto aqui”, na frente da pessoa responsável.


É a condição para estar na sala: ter a capacidade de ser super honesto.


Não inventei a língua ou a matemática que uso. Preparo pouco da comida que como, e nenhuma das roupas que visto. Tudo
que faço depende de outros membros da nossa espécie e dos ombros sobre os quais ficamos em pé. E muitos de nós querem dar uma contribuição para nossa espécie também e acrescentar alguma coisa ao fluxo. Tem a ver com tentar expressar algo da única maneira que a maioria de nós é capaz de fazer — porque não somos capazes de escrever as canções de Bob Dylan, ou as peças de Tom Stoppard. Tentamos usar os talentos que temos para expressar nossos sentimentos profundos, para mostrar nosso apreço por todas as contribuições feitas antes de nós e para acrescentar algo ao fluxo. Foi isso que me motivou.

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